Quando o nível de ruído nos locais de trabalho ultrapassa os níveis considerados aceitáveis, deve proceder-se a um controlo do mesmo a fim de o reduzir aos níveis pretendidos.
Um programa de controlo de ruído poderá admitir as seguintes soluções:
Medidas Organizacionais
As medidas administrativas ou organizacionais têm em vista a redução dos níveis sonoros ou do tempo de exposição. As medidas mais comuns são as seguintes:
- Planeamento da produção com vista à eliminação dos postos de trabalho sujeitos a níveis de ruído elevados
- Adoção de uma política de aquisição de equipamentos, na qual o fator nível de ruído seja tido em conta
- Rotação periódica dos trabalhadores expostos, tendo em vista a redução da dose de ruído a que estão sujeitos durante o seu período de trabalho
- Realização de trabalhos ruidosos em horários em que haja menor número de trabalhadores expostos.
Medidas Construtivas ou de Engenharia
Atuação sobre a fonte emissora de ruído
O método de controlo do ruído mais eficaz é, sem dúvida, a atuação sobre a fonte emissora de ruído. De seguida, apresentam-se alguns exemplos:
Ações a empreender:
Melhoria da manutenção efetuada a máquinas e/ou equipamentos de trabalho.
- Ajustes e/ou substituição de partes de equipamento soltas e desequilibradas.
Utilização de equipamentos acoplados às máquinas de modo a reduzir os níveis de ruído emitidos por estas.
- Utilização de materiais amortecedores de choques e/ou vibrações.
- Utilização de silenciadores na saída de jatos de ar ou gases.
Alterações ao nível do processo e/ou das técnicas produtivas.
- Substituição das máquinas mais antigas por máquinas que tenham acompanhado a evolução da técnica.
- Substituição de rebitagem pneumática por soldadura.
- Substituição de engrenagens metálicas por engrenagens plásticas (diminuição do atrito).
- Diminuição da velocidade de rotação de ventiladores.
Atuação sobre as vias de propagação
O controlo do ruído na fonte nem sempre é possível e, por vezes, apesar de serem tomadas medidas nesse sentido, a redução obtida não é suficiente. Como tal, devem então ser considerado outro tipo de medidas que visem controlar o ruído na sua trajetória de propagação, tais como:
Ações a empreender:
Isolamento anti vibrátil
- A fim de diminuir a transmissão das vibrações produzidas por uma máquina através de elementos sólidos adjacentes à fonte de ruído, podem ser utilizados suportes adequados (em borracha, cortiça, resinas sintéticas).
Encapsulamento
- O encapsulamento da fonte de ruído, quando realizável, pode constituir uma medida muito eficaz, devendo conferir, simultaneamente, um bom isolamento e uma boa absorção sonora.
Painéis Anti-ruído
- Estes painéis auxiliam o controlo da propagação do ruído numa determinada direção. Devem ser construídos com material isolante, revestido com material absorvente do lado em que se localiza a fonte de ruído. Geralmente complementa-se o painel com um teto absorvente.
Tratamento Acústico das Superfícies
- O tratamento acústico no interior de um ambiente de trabalho efetua-se através de revestimento com materiais absorventes. As superfícies lisas e duras, que refletem o som, devem ser evitadas.
Cabinas
- Estas cabinas, em vez de encapsular a fonte de ruído, protegem as pessoas expostas ao ruído. A respetiva aplicação ocorre sobretudo quando existem muitas fontes produtoras de ruído cuja proteção seja inviável ou muito dispendiosa.
Medidas de Proteção Individual
Quando o nível sonoro a que o trabalhador está submetido ultrapassa os valores admissíveis e não é viável (técnica ou economicamente) qualquer das soluções anteriormente descritas ou o controlo efetuado não se revela eficaz, terá então que se recorrer à proteção individual.
Assim, quando a exposição ao ruído exceder os valores de ação inferiores (80 dB(A) ou 135 dB(C), de exposição diária e de nível de pressão sonora de pico, respetivamente), o empregador deverá colocar protetores individuais auditivos à disposição dos trabalhadores e, quando tal exposição igualar ou exceder os valores de ação superiores (85 dB(A) ou 137 dB(C)), deverão esses protetores ser utilizados.
Os protetores individuais auditivos devem ser selecionados com vista a eliminar o risco de perda audição ou a reduzi-lo ao mínimo.
A determinação da exposição efetiva do trabalhador ao ruído para a aplicação do valor limite de exposição deve ter em conta a atenuação do ruído proporcionada pelos protetores individuais auditivos.
Os valores de ação não devem ter em conta os efeitos decorrentes da utilização dos protetores.
Em determinadas circunstâncias, pode ser usado o nível de exposição semanal, em vez do diário, desde que o valor limite de exposição de 87 dB(A) não seja excedido e sejam adotadas medidas apropriadas para reduzir substancialmente o risco.
Os protetores auditivos podem ser de dois tipos: abafadores ou tampões auditivos, podendo estes últimos ser descartáveis (destinados a uma única utilização) ou reutilizáveis (destinados várias utilizações).
Esta é uma classificação segundo a forma ou modo de utilização.
Segundo o modo de funcionamento, podem ser classificados como passivos, se conferem a atenuação por meios passivos, ou seja, sem a utilização de quaisquer mecanismos adicionais, e ativos, que incorporam componentes mecânicos ou eletrónicos. De entre estes, destacam-se os que possuem:
- atenuação dependente do nível sonoro;
- restauração de som dependente do nível sonoro;
- atenuação uniforme (frequência linear);
- redução ativa de ruído (RAR),
e, ainda, os que integram equipamentos de comunicação.
Seguidamente, apresentam-se as principais vantagens e desvantagens de cada um dos tipos atrás referidos, segundo a forma ou modo de utilização:
Abafadores
Vantagens
- Facilidade de uso e adaptação;
- Facilidade em colocá-los e removê-los;
- Mais visíveis e, por conseguinte, mais controláveis;
- Melhor ajustamento em períodos de tempo longos;
- Melhor atenuação nas altas frequências (em geral).
Desvantagens
- Quentes;
- Adaptação rígida à cabeça;
- Dificuldade no uso com capacete, óculos ou qualquer outro equipamento;
- Desconfortáveis quando usados durante períodos longos.
Tampões Auditivos
Vantagens
- Pequeno tamanho;
- Leveza;
- Facilmente usados com capacete, óculos ou qualquer outro equipamento;
- Mais frescos;
- Mais confortáveis;
- Melhor atenuação nas baixas frequências (em geral).
Desvantagens
- Aliviáveis pela conversação ou mastigação;
- Adaptação mais fácil;
- Individualização do respetivo tamanho;
- Dificuldade no controlo do seu uso;
- Necessidade de cuidados especiais no respetivo uso e limpeza;
- Desaconselhamento do respetivo uso quando o canal auditivo externo estiver inflamado.
Para uma escolha adequada da proteção individual poderão ser observadas algumas das recomendações constantes da NP EN 458:2006, referidas no quadro seguinte.
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