A soldadura é um processo onde se recorre à junção de peças de metal através da fusão, onde se recorre apenas ao calor, ou através de pressão, onde para além do calor é aplicada pressão, criando assim uma forte ligação entre as peças. Este processo produz fumos visíveis, denominados fumos de soldadura.
Estes fumos são perigosos e bastante prejudiciais para a saúde, principalmente se não for efetuada a sua monitorização no local de trabalho e implementadas as respetivas medidas de segurança.
O que são fumos de soldadura?
Os vapores de soldadura são uma mistura complexa de óxidos metálicos, silicatos e fluoretos. Os vapores são formados quando um metal é aquecido acima do seu ponto de ebulição e seus vapores se condensam em partículas muito finas (partículas sólidas). Os gases de solda geralmente contêm partículas do elétrodo e do material que está sendo soldado.
Qual a constituição dos fumos de soldadura?
Os fumos de soldadura são uma mistura variada de gases transportados pelo ar e partículas finas. A composição desta mistura depende do método de soldadura e dos produtos que estão a ser soldados.
Os gases que podem ser libertados incluem, por exemplo:
- Óxido nitroso (NOx)
- Dióxido de carbono (CO2)
- Monóxido de carbono (CO)
- Ozono (O3)
- Gases de proteção (Árgon, hélio, dióxido de nitrogénio)
Para além destes gases, os fumos podem conter diversas partículas finas de óxidos metálicos, fluoretos e metais, tais como:
- Crómio
- Níquel
- Zinco
- Manganês
- Cobalto
- Chumbo
- Cobre
Os valores limite estabelecidos para estas substâncias encontram-se definidos no Decreto-Lei n.º 24/2012 de 23 de junho, que consolida as prescrições mínimas em matéria de proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e a saúde devido à exposição a agentes químicos no trabalho, e na NP 1796:2014, que fixa os valores limite de exposição a agentes químicos existentes no ar dos locais de trabalho.
Quais os principais riscos associados à soldadura?
A exposição dos trabalhadores a fumos de soldadura pode levar à origem de vários problemas de saúde graves, nomeadamente:
- Cancro dos pulmões, intestinos e fígado
- Danos no cérebro
- Doenças neurológicas
- Capacidade pulmonar reduzida
- Pneumonia
- Asma
- Doenças da pele
- Alergias
- Problemas de fertilidade
Quais os fatores para determinar o nível de risco?
O nível de risco, se nenhuma ventilação for instalada e medidas de proteção não forem implementadas, depende de três fatores:
- A toxicidade dos fumos
- A concentração dos fumos
- O tempo durante o qual os fumos foram inalados
1. Toxicidade dos fumos de soldadura
Como já foi referido, a toxicidade dos fumos varia de acordo com o tipo de processo de soldadura, dos materiais de soldadura e do tipo de materiais que estão a ser soldados.
2. Concentração dos fumos
A concentração dos fumos e das substâncias nocivas é mais alta na zona próxima ao ponto de soldagem, pelo que estes fumos devem ser rapidamente eliminados pela ventilação.
3. Tempo de inalação dos fumos
A duração da inalação dos fumos por um soldador depende do tempo que este passa a soldar. Alguns trabalhadores soldam durante uma ou duas horas por dia, enquanto que outros podem soldar o dia inteiro. Cálculos mostram que quanto maior a duração do processo de soldadura, maior a quantidade de fumos que são produzidos, o que consequentemente aumenta o risco de inalação da mistura de gases e partículas finas.
Quais as possíveis medidas de segurança a adotar?
De forma a reduzir a exposição dos trabalhadores a fumos de soldadura podem ser tomadas as seguintes medidas de prevenção e controlo:
- As superfícies de soldadura devem ser limpas de qualquer revestimento que tem o potencial de criar exposição a agentes tóxicos, tal como resíduos de solvente e tinta.
- Os soldadores devem posicionar-se de forma a evitar inalar os fumos e gases de soldadura. Por exemplo, no caso da realização da soldadura em espaços abertos ou no exterior, o soldador deve permanecer com as costas voltadas para o vento.
- A ventilação geral, seja ventilação natural ou forçada de ar, pode reduzir os níveis de fumos e gases na área de trabalho. No entanto, a soldadura em espaços abertos ou no exterior não garante uma ventilação adequada por si só. Em zonas de trabalho sem ventilação e sistemas de exaustão, os soldadores devem utilizar as correntes de ar naturais juntamente com um posicionamento adequado de forma a manter os fumos e gases afastados de si e outros trabalhadores.
- Sistemas de ventilação local podem ser usados para remover os fumos e gases da zona de respiração do soldador. Estes sistemas devem ser posicionados perto do ponto de soldadura, de forma a remover uma quantidade máxima de fumos e gases. Pode-se recorrer a sistemas de exaustão portáveis ou flexíveis, de forma a que os fumos sejam aspirados para longe do soldador.
- Substituir por um tipo de soldadura que gere menos fumos ou seja menos tóxica.
- Não efetuar soldaduras em espaços confinados sem ventilação.
- Recorrer a proteções respiratórias caso as práticas de trabalho e ventilação não reduzam a exposição para níveis aceitáveis.
A APOPARTNER realiza ensaios de monitorização da qualidade do ar laboral e agentes químicos, incluindo a avaliação da exposição a fumos de soldadura, e define planos de medidas preventivas e corretivas.
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